De acordo com Bento XVI, que baseou as colocações acerca do amor cristão de sua “Carta encíclica Deus Caritas Est” nas definições feitas por Santo Agostinho, o amor entre homem e mulher, no qual concorrem indivisivelmente corpo e alma, abre uma promessa de felicidade que parece irresistível e ofusca os demais tipos de amor, como da pátria, à profissão, entre amigos, ao trabalho, entre pais e filhos, entre irmãos e familiares, ao próximo e mesmo a Deus. A este amor, que não nasce da inteligência e da vontade, mas de certa forma impõe-se ao ser humano, a Grécia antiga deu o nome de Eros.
Em sua canção “A Dança”, Renato Russo critica ferozmente vários costumes sociais:
Você não tem idéias
Pra acompanhar a moda
Tratando as meninas
Como se fossem lixo
Ou então espécie rara
Só a você pertence
Ou então espécie rara
Que você não respeita
Ou então espécie rara
Que é só um objeto
Pra usar e jogar fora
Depois de ter prazer.
Entre eles, o prazer carnal por si só e a banalização do sexo e do ser humano, que acontece como conseqüência. A música retrata o Eros em sua forma mais instintiva e desumana, por incluir apenas a matéria e deixar de lado a espiritualidade. Esta contorção, que ganha cada vez mais força nos dias atuais, mostra o prazer de um instante, porém não coloca em evidência o vértice da existência e a beatitude para que tende todo o nosso ser e sentido do amor, deixando um vazio, como se vê nos seguintes versos, da mesma composição:
Você é tão moderno
Se acha tão moderno
Mas é igual a seus pais
É só questão de idade
Passando dessa fase
Tanto fez e tanto faz.
(...)
Você é tão esperto
Você está tão certo
Que você nunca vai errar
Mas a vida deixa marcas
Tenha cuidado
Se um dia você dançar.