sábado, 19 de junho de 2010

Um dia triste

Eu só queria que esta rosa não murchasse... Queria você aqui comigo, queria contar tudo o que me deixa triste, mas sem roubar o seu sorriso. Queria me sentir capaz, capaz dos meus deveres, capaz da minha vida...
Como alguém pode me dizer que se comove comigo? Eu não consigo controlar nem a minha própria vida...

“Um dia triste
Toda fragilidade incide
E o pensamento lá em você
E tudo me divide”
Djavan

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Criança

Eu gosto de criança, e não é difícil de descobrir isso. Mas quer saber por quê? Acho que o primeiro motivo é eu ter tido uma infância muito gostosa. Adoro ver as fotos engraçadas e fofinhas tiradas naquela época, e não é à toa que eu tenho um álbum, no Orkut, destinado só para esse tempo.
Outro dia, eu me lembrava de como eu gostava de tomar refrigerante! Na minha casa, a gente só tomava quando vinha visita, então, quando vinha, eu já ficava ansiosa pra hora da janta, pra tomar aquele guaraná, tão valioso. Que criança não gosta de refrigerante, ou de Mc Donald’s? Do Natal, então, nem se fala... Eu acordava e corria pra sala pra abrir o meu presente! Eu não escolhia o presente, era surpresa, mas qualquer brinquedo deixa uma criança bem contente. No dia das mães, o frio na barriga do dia da apresentação pra elas, e da entrega do cartão e dos presentes feitos por nós, na aula de artes. E a apresentação podia ficar um lixo, que todas as mães choravam, do mesmo jeito. Que saudades!
Quando eu vejo criança brincar, eu fico imaginando o que passa pelas cabecinhas... Quanta criatividade! Só se preocupam em brincar, mas são sérias nas brincadeiras, brigam pelos seus brinquedos, pelos seus direitos, pela atenção... Ao mesmo tempo, não percebem o mal, ou a malícia dos adultos... São seres inocentes, puros.

“Deixai vir a mim os pequeninos e não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus” (Lucas 18:16)

terça-feira, 1 de junho de 2010

Se ele não vier, eu virei

Depois de um sono pesado e merecido, abria os olhos, e a visão do quarto vazio, aos poucos, se tornava nítida. “Ah, era mesmo sonho, ele não veio”. As lágrimas que desciam pelo rosto de Cláudia embaçavam um porta-retrato, ao lado da cabeceira de sua cama. Contemplava os olhos claros que várias vezes lhe haviam feito promessas. Lembrava-se da época, que julgava ter sido a melhor de sua vida, nove meses atrás; os carinhos no quarto escuro, o prazer do proibido, do desconhecido. Agora era tarde para ouvir seus pais, para voltar atrás. Vinham-lhe o arrependimento, o medo, e as memórias recentes do parto.
Ouviu batidas na porta, e logo encarou seu melhor amigo, que trouxera flores para a nova mamãe. Sentia o conforto daquele abraço, de alguém que nunca quebrara a sua palavra, que nunca lhe faltara nos momentos mais difíceis, e ali estava.
– Thiago, ele não veio, o parto foi horrível. Eu estava sozinha – e mais lágrimas molharam seus cabelos e sua camisola.
– O que eu vou fazer agora? – O amigo alisava os cachos amassados. – Se ele não vier, eu virei.
Uma semana se passara, desde o nascimento de sua filha. Do seu quarto foram tiradas a penteadeira e a escrivaninha, que deram lugar ao berço e às fraldas. Todos os dias, Cláudia esperava pela chegada do melhor amigo, que cuidava do neném, enquanto ela se arrumava para dormir. Não terminara a faculdade, não tinha emprego, não gostava de pedir ajuda para seus pais. Sua filha não teria uma família completa.
Uma tarde, enquanto sua filha dormia, Cláudia tirava um tempo para si, arrumando seu armário. Mexia em uma gaveta de recordações, quando abriu a carta que recebera de Thiago, no colégio. Thiago a surpreendera em uma festa, quando se declarou, por carta, para Cláudia. Mas ela nunca o correspondera... Agora, estranhamente, sentia saudades daquela noite... sentia saudades de Thiago. Uma saudade que se misturava com ternura, com desejo, com amor.