sexta-feira, 30 de julho de 2010

Viver

Na última sexta-feira das férias de inverno, acordei bem. Apesar de saber que na próxima semana muito me espera e que vou voltar à rotina de sempre, isso não me aflige mais. Porque hoje estou tranquila, hoje eu vivo como desejaria ter vivido todos os momentos dos meus 16 anos. Na mente, a gratidão por receber mais um dia de vida, as boas memórias, a certeza de ser amada, a consciência dos desafios que me esperam e a vontade de superá-los. Na mente, a alegria.

"É bonito viver,
porque viver
é começar sempre
a cada instante."
C. Pavese
"Eu fico
com a pureza
da resposta das crianças:
É a vida, é bonita
e é bonita...
Viver,
e não ter a vergonha
de ser feliz.
Cantar e cantar e cantar
a beleza de ser
um eterno aprendiz."
Gonzaguinha
"Quando o Sol bater na janela do teu quarto,
Lembra e vê que o caminho é um só."
Renato Russo
"Allegria
Come un lampo di vita
Allegria
Come un pazzo gridar
Allegria
Del delittuoso grido
Bella, reuggente pena, seren
Come la rabbia di amar
Allegria
Come un assalto de gioia"
"Alegria
Como um raio de vida
Alegria
Como um louco a gritar
Alegria
De um delituoso grito
De uma triste pena, serena
Como a fúria de amar
Alegria
Como uma explosão de júbilo"
Cirque Du Soleil

terça-feira, 27 de julho de 2010

"Há Tempos"

"E há tempos, nem os santos
Tem ao certo a medida da maldade.
E há tempos, são os jovens que adoecem.
Há tempos, o encanto está ausente.
Há ferrugem nos sorrisos.
E só o acaso estende os braços
A quem procura abrigo e proteção.

Meu amor,
Disciplina é liberdade.
Compaixão é fortaleza.
Ter bondade é ter coragem."
Renato Russo

sábado, 17 de julho de 2010

Será que penso demais?

Foram dias difíceis, os que eu passei... Minha mente, geralmente, não é tranquila, mas nesses dias, o meu ser estava em conflito com ele próprio. Agora vai ser difícil descrever as minhas sensações, já que a maioria delas já passou... Mas fez falta o meu caderninho, tão adequado para os desabafos das piores horas...
Pra quem diz que me conhece, já vou avisando: se engana! Porque, agora, nem eu tenho tanta certeza sobre mim. As horas que eu gastei, mergulhada em pensamentos, foram prova do meu interesse em me entender e me conhecer. Não foram cômodas, mas me arrepender seria tirar delas a importância que tiveram.
Eu me perdia na saudade, no desejo, na ansiedade. Esses sentimentos eram traduzidos em sonhos, idealizações e, de repente, quebrados na realidade daqueles momentos, que era boa, mas eu não a enxergava... Tudo me irritava e tudo era motivo para eu querer mergulhar de novo no meu mundo paralelo da ansiedade, num círculo vicioso.
Quando compreendi esse esquema de ilusões e desilusões já era tarde, o tempo não me esperara. Um problema real foi necessário para me sacudir e me fazer lutar contra meus pensamentos. Foi quase uma guerra, da qual ainda carrego feridas abertas. Por sorte, fui obrigada a me recordar do que me traz a plena felicidade e o confortável consolo, tão preciso.
Meu coração descansou, porém sei que muitos conflitos ainda virão, para que eu não me esqueça da minha procura.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Boa noite

“Descia apressadamente os degraus da escola. Era sexta-feira. Tinha pressa, mas pra quê? Não sairia com seus amigos, estava estressada e nada a tiraria do seu mundinho naquele dia. Lembrava-se da briga dos pais, e imaginava o que viria pela frente. Do colégio, a lembrança mais recente era da maldita prova de química: fora reprovada, de novo. Apressava mais os passos. Agora saía pelo portão, sem olhar pra trás, evitando encarar algum conhecido que pudesse atrasá-la. Consultava o relógio na tela do celular, estava faminta, queria chegar logo... Ao mesmo tempo, não queria estar em casa. Foi quando, cortando seus pensamentos, sentiu algo bater em sua perna, mas o seu olhar não foi ágil o suficiente para acompanhar o pequeno ser que já correra pela rua. Desatou a correr, seguindo algo que se parecia com um coelho, mas que abriu asas e levantou vôo, entrando em uma loja de instrumentos. Entrou ofegante; o serzinho sumira, e, curiosamente, os vendedores também. Ouvia música, foi entrando, e no fundo da loja, avistou uma bateria, uma guitarra, e um baixo que tocavam. As cordas destes se mexiam, sem que nada as tocassem e as baquetas daquela flutuavam e batiam nos tambores vigorosamente. Enquanto seu queixo caía de surpresa, ouviu um tranco e sentiu os pisos debaixo de seus pés se abrirem, os seus cabelos voarem, e, de repente, caiu sentada sobre uma cadeira estofada. Estava em um salão de beleza, em que manequins de loja, vestidos com as mais variadas roupas, das mais variadas grifes, pintavam as unhas de suas mãos e de seus pés, todas coloridas. Uma delas trazia um copinho de café, com uma bebida lilás, e quando o aproximou do rosto da menina, passou um perfume que era a mistura de todos os cheiros e sabores que ela já tinha sentido. Quando bebeu, sentiu o seu corpo balançar. Agora se via deitada, estirada em um jardim. Recuperou a visão, enxergou formiguinhas, que andavam em fila até uma portinha em um cogumelo vermelho, um pouco mais adiante. Elas eram engraçadas, não entendia porque, mas eram. Começou a rir, a gargalhar, até seu abdômen doer contraído. Cansou, olhou as mais de perto, e, debruçada sobre elas, reconheceu em suas cabecinhas rostos conhecidos. Chegavam, em fila, seu namorado, seguido por sua melhor amiga, logo após vinham seus irmãos, seus pais ainda discutindo, e até sua avó. Todos pararam, encarando a menina, que sem reação continuava debruçada sobre eles. Foi uma gritaria geral. Todas as formiguinhas falavam ao mesmo tempo, bravas, apontavam-lhe as patinhas, como em protesto. A garota não queria mais rir... Era tudo tão estranho... Devia ser um sonho: ‘acorda! Acorda! Acordaaaaaa!’ ” - Pulou da cama, com o corpo trêmulo. O que era aquele serzinho que ela perseguira e a fizera cair nas mais estranhas situações? Por quê as formiguinhas a pressionavam tanto? Pegou seu celular, no criado-mudo ao lado de sua cama, e leu uma mensagem enviada pelo seu namorado, depois que adormecera: “Boa noite, meu anjo”.
Respirou aliviada, e dormiu um sono tranqüilo.