segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Sede

Meu coração se enrosca forte;
Céu que chama, flor, música:
sorte?
Meus olhos querem se afogar,
drama de todos os amores,
de todos os homens,
de todas as histórias
por trás de cada par de luzeiros.
Mistério que inquieta,
que faz agir, que faz vida.
Vida que surge,
que não se cria por si.
As palavras são pouco demais,
angustiam.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Anatomia

Depois de algumas idas ao laboratório de anatomia, tenho me surpreendido muitas vezes em pensamentos céticos. Para que eu construo, com tanto trabalho, uma vida confortável para um corpo que vai apodrecer? Como eu posso pensar com tranqüilidade que meus tão verdadeiros amores terão fim? Por que vou ajudar pessoas a viver melhor se elas vão morrer também? Espelho. E eu sinto que eu não posso ser à toa. Meus olhos. Eles têm uma tarefa. Minha boca. Eu não me fiz, não decidi ter nascido, não tenho lembranças de antes de nascer, não sei onde estava. Eu não estava. E agora estou. Ainda estou. Podia já ter apodrecido, mas estou. Vejo beleza em mim, na minha vontade de viver, no meu rosto. Não pode ser só isso! Ninguém ia decidir viver se fosse só isso! Mas as pessoas querem viver, eu quero viver, muito. Não é justo que eu seja à toa, definitivamente, não sou. Não decidi ser, não decidi continuar sendo e não sei até quando serei. Pertenço.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Novelo, lã e nó

Meus pensamentos têm saído de suas caixinhas, todos ao mesmo tempo, e se esparramado pelo chão, nos últimos dias. É engraçado perceber que quanto mais eu cresço, mais misturados eles ficam, mais se aglomeram e não se ajeitam na minha mente, como esperava que fosse natural de acontecer. De mansinho a primeira caixinha se abre e esbarra nas outras, até que muitas vão se libertando, e normalmente chegam em você, na sua caixinha. Há uns tempos a sua caixinha era a mais isolada, me parece... Ela era aberta e custava a fechar, enquanto as outras continuavam inertes. Agora, porém, são as outras que chegam nela, geralmente, e é mais tranquilo desse jeito, porque nada se exclui, tudo se junta no emaranhado da minha mente. É uma confusão, mas no meio dessa confusão, às vezes me acho. Me acho, eu mesma, com os nossos segredos e imperfeições, com a nossa pequenez, mas com uma serenidade silenciosa, que vem de eu saber ser um novelo de lã embaraçado, mas colorido. Com uma serenidade de saber que eu nunca vou estar totalmente desembaraçada, porque tudo o que me toca é mais um nozinho lá e eu vou levando esses nozinhos para a minha vida... Para perceber que eu posso não ser nada, mas que eu sou eu... Eu sou cada laço, cada curva. Novelo, lã e nó.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Bom é saber que está tudo bem

Bom é saber que está tudo bem. Bom é me ver te amando livremente. Bom é conseguir me doar em horas que você precisa, mesmo que não seja fácil. Bom é dormir embalada na sua respiração. Bom é não ter desespero quando me despeço de você.