quinta-feira, 28 de março de 2013

Criança


É tão mais difícil ser criança quando se vai tornando adulto... O mundo cobra poder, status e orgulho. Não cobra amor e simplicidade. O mundo quer salário, quer ser melhor, quer esnobar, quer seguir padrões de beleza: e humilha, exclui, mata. "Até quando só o seu umbigo?"
Peço que essa revolta nasça em mim todos os dias, para que eu não me torne assim.
"Conserva-me um coração de criança: puro e límpido como a água da fonte." - Oração do Pe. Grandmaison

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Sede

Meu coração se enrosca forte;
Céu que chama, flor, música:
sorte?
Meus olhos querem se afogar,
drama de todos os amores,
de todos os homens,
de todas as histórias
por trás de cada par de luzeiros.
Mistério que inquieta,
que faz agir, que faz vida.
Vida que surge,
que não se cria por si.
As palavras são pouco demais,
angustiam.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Anatomia

Depois de algumas idas ao laboratório de anatomia, tenho me surpreendido muitas vezes em pensamentos céticos. Para que eu construo, com tanto trabalho, uma vida confortável para um corpo que vai apodrecer? Como eu posso pensar com tranqüilidade que meus tão verdadeiros amores terão fim? Por que vou ajudar pessoas a viver melhor se elas vão morrer também? Espelho. E eu sinto que eu não posso ser à toa. Meus olhos. Eles têm uma tarefa. Minha boca. Eu não me fiz, não decidi ter nascido, não tenho lembranças de antes de nascer, não sei onde estava. Eu não estava. E agora estou. Ainda estou. Podia já ter apodrecido, mas estou. Vejo beleza em mim, na minha vontade de viver, no meu rosto. Não pode ser só isso! Ninguém ia decidir viver se fosse só isso! Mas as pessoas querem viver, eu quero viver, muito. Não é justo que eu seja à toa, definitivamente, não sou. Não decidi ser, não decidi continuar sendo e não sei até quando serei. Pertenço.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Novelo, lã e nó

Meus pensamentos têm saído de suas caixinhas, todos ao mesmo tempo, e se esparramado pelo chão, nos últimos dias. É engraçado perceber que quanto mais eu cresço, mais misturados eles ficam, mais se aglomeram e não se ajeitam na minha mente, como esperava que fosse natural de acontecer. De mansinho a primeira caixinha se abre e esbarra nas outras, até que muitas vão se libertando, e normalmente chegam em você, na sua caixinha. Há uns tempos a sua caixinha era a mais isolada, me parece... Ela era aberta e custava a fechar, enquanto as outras continuavam inertes. Agora, porém, são as outras que chegam nela, geralmente, e é mais tranquilo desse jeito, porque nada se exclui, tudo se junta no emaranhado da minha mente. É uma confusão, mas no meio dessa confusão, às vezes me acho. Me acho, eu mesma, com os nossos segredos e imperfeições, com a nossa pequenez, mas com uma serenidade silenciosa, que vem de eu saber ser um novelo de lã embaraçado, mas colorido. Com uma serenidade de saber que eu nunca vou estar totalmente desembaraçada, porque tudo o que me toca é mais um nozinho lá e eu vou levando esses nozinhos para a minha vida... Para perceber que eu posso não ser nada, mas que eu sou eu... Eu sou cada laço, cada curva. Novelo, lã e nó.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Bom é saber que está tudo bem

Bom é saber que está tudo bem. Bom é me ver te amando livremente. Bom é conseguir me doar em horas que você precisa, mesmo que não seja fácil. Bom é dormir embalada na sua respiração. Bom é não ter desespero quando me despeço de você.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Perdoa-me

E olha a vida, vindo testar o meu perdão mais uma vez. É difícil olhar para trás e me construir de novo, repensar momentos e antigas verdades. Enquanto me acostumo com essa sensação de jamais saber o que vivi, descubro que a vida é um somatório das liberdades humanas ao mistério. Minha sensatez se preocupa em convencer minha curiosidade de que isso não mais importa e meu coração ainda desacredita. Mas a minh'alma sempre indicaria o perdão, porque ele me traz paz e a certeza da minha liberdade, que se relaciona com o mistério de viver essa vida frágil, porém intensa. Só quero acreditar no presente, porque dele eu jamais duvidaria.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Uma rosa cor de rosa

Lágrimas que não caem

Têm pressa em expressar

Uma saudade precoce.

A saudade de dois olhos

E por traz deles, meu tudo.

Num mundo que gira veloz

Minhas lágrimas tentam

Prender-se aos momentos,

Momentos de rosas rosa

Que constroem a felicidade

E a tristeza do seu fim.

Quem dera a liberdade verdadeira

E despreocupada daqueles olhos

Prender-se aos meus.

Quem dera o meu tudo,

Por traz daqueles olhos,

Preencher também os meus.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Eros, hoje

De acordo com Bento XVI, que baseou as colocações acerca do amor cristão de sua “Carta encíclica Deus Caritas Est” nas definições feitas por Santo Agostinho, o amor entre homem e mulher, no qual concorrem indivisivelmente corpo e alma, abre uma promessa de felicidade que parece irresistível e ofusca os demais tipos de amor, como da pátria, à profissão, entre amigos, ao trabalho, entre pais e filhos, entre irmãos e familiares, ao próximo e mesmo a Deus. A este amor, que não nasce da inteligência e da vontade, mas de certa forma impõe-se ao ser humano, a Grécia antiga deu o nome de Eros.

Em sua canção “A Dança”, Renato Russo critica ferozmente vários costumes sociais:

Você não tem idéias
Pra acompanhar a moda
Tratando as meninas
Como se fossem lixo
Ou então espécie rara
Só a você pertence
Ou então espécie rara
Que você não respeita
Ou então espécie rara
Que é só um objeto
Pra usar e jogar fora
Depois de ter prazer.

Entre eles, o prazer carnal por si só e a banalização do sexo e do ser humano, que acontece como conseqüência. A música retrata o Eros em sua forma mais instintiva e desumana, por incluir apenas a matéria e deixar de lado a espiritualidade. Esta contorção, que ganha cada vez mais força nos dias atuais, mostra o prazer de um instante, porém não coloca em evidência o vértice da existência e a beatitude para que tende todo o nosso ser e sentido do amor, deixando um vazio, como se vê nos seguintes versos, da mesma composição:

Você é tão moderno
Se acha tão moderno
Mas é igual a seus pais
É só questão de idade
Passando dessa fase
Tanto fez e tanto faz.

(...)

Você é tão esperto
Você está tão certo
Que você nunca vai errar
Mas a vida deixa marcas
Tenha cuidado
Se um dia você dançar.

Por isso, sem purificação e disciplina, o Eros inebriante e descontrolado leva à degradação do homem e à perda da compreensão do amor. Torna-se mercadoria, uma parte que o homem não vê mais como âmbito de sua liberdade, porém como algo apenas agradável e inócuo.

quinta-feira, 10 de março de 2011

"Vida"

“Não é preciso uma verdade nova,
uma aventura,

pra encontrar,
nas luzes que se acendem,
um brilho eterno.

E dar as mãos
e dar de si além do próprio gesto.

E descobrir, feliz, que o amor
esconde outro universo.”

Fábio Jr.


segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Uma viajante

Eu agradeço o dia e a noite. Eu agradeço cada piscar de olhos e cada batida do meu coração. Eu agradeço o céu, o mar, a Lua e o Sol. Eu agradeço a inveja e as preocupações, que me aproximam do verdadeiro, do misterioso, que me fazem olhar para o meu próprio ser. Eu agradeço os desafios, que clamam por força e humildade. E agradeço os meus desejos, que me fazem viver.