O vapor que saía com o ar de suas narinas embaçava, a cada expiração, o vidro do espelho, tão próximo estava seu rosto dele. Não piscava. No quarto fechado, sozinha, ali de pé, ainda podia ouvir as vozes que falaram dentro dela durante todo o dia. Lembrava-se de vezes em que lhe disseram que era muito querida, admirada, e até mesmo muito bonita. Sabia que não era mentira, talvez um exagero, mas realmente tinha vários amigos, e seus cachos ruivos contrastavam-se com os delineados olhos castanhos, ou mel... Não, castanhos. Mas naquele momento, não se importava em decidir-se entre mel ou castanho, não olhava para seus olhos, olhava através deles, o que só ela podia enxergar, o que só ela conhecia. Quando ficava triste, seu olhar pensativo e calado avisava logo quem estava à sua volta, porém era difícil adivinhar suas razões, o que aquelas cores não conseguiam exprimir. Bem sabia que seu rosto delicado e seus traços bem definidos sempre lhe serviriam de escudo, de esconderijo. Mas sabia ainda melhor, que não podia esconder de si própria suas inseguranças, as quais os outros não veriam naqueles olhos, nesses que agora se enchiam com lágrimas transparentes.
sábado, 18 de dezembro de 2010
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ResponderExcluiramei, amei. o meu preferido até agora.
ResponderExcluirAlgo como Cecília Meireles, com um pouco de Clarice Lispector... Quero dizer, o dizer expressando com elegância e delicadeza a percepção do mundo ao seu redor. Parabéns, difícil não se prender ao que você escreve!
ResponderExcluirMadalena, em seu "universo particular", fotos e textos... Beijo.
ResponderExcluirMuito boa a foto no perfil!
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