“Descia apressadamente os degraus da escola. Era sexta-feira. Tinha pressa, mas pra quê? Não sairia com seus amigos, estava estressada e nada a tiraria do seu mundinho naquele dia. Lembrava-se da briga dos pais, e imaginava o que viria pela frente. Do colégio, a lembrança mais recente era da maldita prova de química: fora reprovada, de novo. Apressava mais os passos. Agora saía pelo portão, sem olhar pra trás, evitando encarar algum conhecido que pudesse atrasá-la. Consultava o relógio na tela do celular, estava faminta, queria chegar logo... Ao mesmo tempo, não queria estar em casa. Foi quando, cortando seus pensamentos, sentiu algo bater em sua perna, mas o seu olhar não foi ágil o suficiente para acompanhar o pequeno ser que já correra pela rua. Desatou a correr, seguindo algo que se parecia com um coelho, mas que abriu asas e levantou vôo, entrando em uma loja de instrumentos. Entrou ofegante; o serzinho sumira, e, curiosamente, os vendedores também. Ouvia música, foi entrando, e no fundo da loja, avistou uma bateria, uma guitarra, e um baixo que tocavam. As cordas destes se mexiam, sem que nada as tocassem e as baquetas daquela flutuavam e batiam nos tambores vigorosamente. Enquanto seu queixo caía de surpresa, ouviu um tranco e sentiu os pisos debaixo de seus pés se abrirem, os seus cabelos voarem, e, de repente, caiu sentada sobre uma cadeira estofada. Estava em um salão de beleza, em que manequins de loja, vestidos com as mais variadas roupas, das mais variadas grifes, pintavam as unhas de suas mãos e de seus pés, todas coloridas. Uma delas trazia um copinho de café, com uma bebida lilás, e quando o aproximou do rosto da menina, passou um perfume que era a mistura de todos os cheiros e sabores que ela já tinha sentido. Quando bebeu, sentiu o seu corpo balançar. Agora se via deitada, estirada em um jardim. Recuperou a visão, enxergou formiguinhas, que andavam em fila até uma portinha em um cogumelo vermelho, um pouco mais adiante. Elas eram engraçadas, não entendia porque, mas eram. Começou a rir, a gargalhar, até seu abdômen doer contraído. Cansou, olhou as mais de perto, e, debruçada sobre elas, reconheceu em suas cabecinhas rostos conhecidos. Chegavam, em fila, seu namorado, seguido por sua melhor amiga, logo após vinham seus irmãos, seus pais ainda discutindo, e até sua avó. Todos pararam, encarando a menina, que sem reação continuava debruçada sobre eles. Foi uma gritaria geral. Todas as formiguinhas falavam ao mesmo tempo, bravas, apontavam-lhe as patinhas, como em protesto. A garota não queria mais rir... Era tudo tão estranho... Devia ser um sonho: ‘acorda! Acorda! Acordaaaaaa!’ ” - Pulou da cama, com o corpo trêmulo. O que era aquele serzinho que ela perseguira e a fizera cair nas mais estranhas situações? Por quê as formiguinhas a pressionavam tanto? Pegou seu celular, no criado-mudo ao lado de sua cama, e leu uma mensagem enviada pelo seu namorado, depois que adormecera: “Boa noite, meu anjo”.
Respirou aliviada, e dormiu um sono tranqüilo.
quarta-feira, 7 de julho de 2010
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Ahh! que lindo madazinha! (:
ResponderExcluirgostei mesmooo! ainda mais que uma parte foi inspirado em mim! :D
continue fazendo textos, que de agora em diante eu vou ler todos! =) hahah
beijinhoos
e eu te amo muuuitaao
Alicee